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Perspectivas futuras no monitoramento ambiental

Prof. Gustavo Baptista

Passamos essas últimas semanas conversando sobre monitoramento ambiental e discutimos uma série de aspectos que são utilizados atualmente para realizarmos esse tipo de procedimento. Mas o que vem se desenhando daqui para frente?

Na área tecnológica é muito difícil realizar prognósticos muito longos ou distantes, pois as mudanças são muito rápidas e a cada dia novos processamentos, novos datasets, novos dashboards, e novos sistemas sensores surgem e somos muitas vezes surpreendidos.

Não podemos deixar de pensar que estamos vivendo a 6ª onda de inovação, a onda da sustentabilidade e a necessidade de realizarmos monitoramentos será cada vez mais urgente.

Além disso, os avanços na terceira geração da web, que estamos vivendo, nos traz grandes inovações no âmbito das automações e do uso da inteligência artificial e isso, com certeza trará saltos muito expressivos no monitoramento ambiental.

Mas algumas coisas mais concretas já estão desenhadas e em breve teremos algumas inovações nos sistemas sensores que vão ampliar em muito o trabalho, principalmente no ambiente amazônico. Novos sistemas SAR.

Vamos começar com a missão NISAR. Assim que for lançada, no início de 2024, a missão fornecerá informações detalhadas sobre dois tipos de ecossistemas essenciais para a regulação natural dos gases de efeito estufa na atmosfera, que estão contribuindo para as mudanças climáticas globais: florestas e zonas úmidas.

O NISAR é uma iniciativa conjunta da NASA e da ISRO (Organização Indiana de Pesquisa Espacial). Quando estiver em órbita, seus avançados sistemas de RADAR nas bandas L e S realizarão varreduras abrangentes de quase todas as áreas terrestres e cobertas de gelo da Terra duas vezes a cada 12 dias.

Os dados coletados auxiliarão os pesquisadores na compreensão das duas funções principais desses ecossistemas: a absorção e a emissão de carbono. A função do monitoramento permitirá verificar as áreas que estão passando por desmatamento e por processos de degradação com muita eficiência, pois essas duas bandas operam em faixas nas quais não sofrem interferência de nuvens, mesmo as de tempestades intensas.

Outra missão que promete muito é a BIOMASS da Agência Espacial Europeia. Também prevista para ser lançado em 2024, a missão tem como objetivo fornecer informações cruciais sobre o estado das nossas florestas e suas transformações, bem como aprofundar nosso entendimento do papel desempenhado delas no ciclo do carbono.

A missão BIOMASS é a primeira com um SAR operando na banda P, o que representa um desafio tecnológico devido à baixíssima frequência. Além disso, a missão tem prevista uma etapa de 18 meses de aquisição de dados tomográficos SAR, que permitirá uma nova abordagem de medição para fornecer informações completamente inéditas sobre a altura das florestas e a biomassa florestal acima do solo a partir do espaço.

O estoque global de carbono é um aspecto relevante. As medições da biomassa florestal podem servir como um proxy para o carbono armazenado, o qual é frequentemente subestimado em grande parte do mundo. Os dados coletados pela missão BIOMASS ajudarão a reduzir as principais incertezas nos cálculos dos estoques e fluxos de carbono, incluindo aqueles relacionados às mudanças na cobertura da terra, à degradação florestal e à regeneração das florestas.

E para fechar trago alguns spoilers sobre o novo CBERS-6, que também será um SAR. Ainda está em fase de estruturação de projeto, mas tudo índica que será um sistema na banda X, que permite mais alta resolução espacial, apesar de mais suscetível aos efeitos atmosféricos. Parece que terá revisita de 7 dias e dois modos de aquisição: SCANSAR que terá menor resolução e STRIPMAP que deverá obter dados com resolução da ordem de 3 metros.

Ou seja, temos num horizonte muito próximo, grandes avanços para o monitoramento dos biomas brasileiros, além de instrumentos para a consolidação da posição brasileira em sua vocação na sustentabilidade dentro dessa nova onda de inovação, como salientamos no início dessa conversa.

Sensoriamento Remoto é um mundo fascinante!

Um grande abraço!

Prof. Gustavo Baptista

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