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Só sei que nada sei

Prof. Gustavo Baptista

Você está seguro sobre seu conhecimento em Sensoriamento Remoto?

Nosso artigo anterior enfocou a facilidade que é ingressar na área de programação utilizando uma linguagem bem tranquila, o R.

Abordamos esse tema porque temos notado que o mercado tem demandado cada vez mais pessoas que saibam programar ou utilizar as linguagens de programação para solucionar problemas.

O problema é que a linguagem, seja ela qual for, tanto quanto a interface gráfica, é uma ferramenta. E ferramentas, por si só, não determinam o resultado, por melhores que sejam. Uma faca de corte afiadíssimo produz um resultado nas mãos de um chef e outro nas mãos de uma criança.

Com Sensoriamento Remoto não é diferente. Antes de pensar na ferramenta, é preciso dominar o conhecimento. Da mesma forma que o mercado procura quem saiba programar, ele também procura pessoas que saibam Sensoriamento Remoto.

E o que tenho notado, principalmente depois da pandemia? Que uma grande parcela de nossa audiência ACHA que sabe Sensoriamento Remoto. Oi? Como assim?!

Com a popularização do Sensoriamento Remoto, principalmente da utilização de imagens de satélites, todos os dias nos deparamos com imagens de satélites, seja nos telejornais, nas redes sociais, nos portais de notícias, entre outros. E, como tem se popularizado, mais demandas surgem para processá-las.

Muitas formações têm Sensoriamento Remoto como parte do currículo, principalmente os cursos de Ciências da Terra. Mas nem sempre os estudantes saem da faculdade realmente sabendo Sensoriamento Remoto. Vou dar um exemplo que tenho observado nas minhas disciplinas na Universidade.

Inicio cada aula assistindo os trabalhos de processamento que meus estudantes realizaram durante a semana anterior. Depois, explico a teoria de um novo tópico de processamento, mostro como executar, destacando os pontos principais e fazendo a relação com a teoria. Finalmente, passo uma tarefa de processamento e peço para eles executarem e prepararem a apresentação da aula seguinte. Pois bem, nesses dois últimos semestres, me deparei com pessoas dizendo que fizeram, mas não sabem explicar o que fizeram e nem porquê fizeram.

O que me preocupa é como esse estudante vai ingressar no mercado, porque minha disciplina é de final de curso. Ou seja, como o indivíduo vai entregar esse tipo de resultado ao seu empregador? Porque não é apenas baixar uma imagem gratuita, assistir a um vídeo no YouTube e pronto! Você precisa compreender e ser capaz de explicar o que fez. Para isso, é fundamental que você estude o que está fazendo.

Sensoriamento Remoto se subdivide em 3 grandes áreas: fundamentos teóricos, interpretação e processamento. Não adianta burlar um desses eixos. Você pode colocar a interpretação como um dos fundamentos e isso facilita em muito a compreensão, mas não pode querer partir direto para o processamento, pois senão não consegue entender o que está fazendo.

Não adianta ter uma máquina robusta com a última versão do software mais poderoso e com a melhor imagem disponível, porque é o mesmo que entregar uma Ferrari para uma criança de 4 anos. Ele pode até entender o que é uma Ferrari, mas não vai dirigi-la. E mesmo que a entregue a um condutor de veículo habilitado, ele não tira toda a potencialidade como um piloto de corrida. Afinal, o piloto sabe tudo que está por trás de uma Ferrari.

O que tenho sempre falado para minha audiência é que, para ser um piloto de corrida no Sensoriamento Remoto, você precisa dominar quatro aspectos: conhecer a teoria, saber quais são os sistemas sensores que você tem disponível, saber processar (em interface gráfica e/ou em programação) e ser capaz de interpretar seus resultados.

É preciso ter certeza de que você realmente sabe o que precisa saber sobre esses elementos fundamentais. Só assim você pode avançar com segurança no fascinante mundo do Sensoriamento Remoto.

Abraço!

Prof. Gustavo Baptista.

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