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O problema da composição colorida

Prof. Gustavo Baptista

Olá, amigos e alunos!

Ao longo desses mais de 35 anos de docência em Sensoriamento Remoto, me deparei com uma série de erros muito comuns na área de processamento digital de imagens, mas, o que mais cria confusão na cabeça dos que estão chegando na área, é entender a distinção entre bandas espectrais e filtro de cores em composição colorida.

Falar que a banda do verde está no filtro azul é colocar o indivíduo em colapso. Principalmente quando você mostra para ele que a banda do verde é uma imagem em nível de cinza. Aí é que a coisa fica feia.

Para entendermos essa questão precisamos entender que a utilização de composição colorida serve para ampliar nossa interpretação visual, pois somos extremamente limitados ao nos depararmos com imagens variando em tons de cinza. Nosso sistema visual é estruturado para enxergarmos em cores, por isso utilizamos esse tipo de processamento.

Nossos olhos, quando temos todos os componentes funcionando bem, enxergam o mundo em RGB, sigla em inglês para Vermelho, Verde e Azul. E podemos simplificar as coisas subdividindo a região da luz visível em três grandes domínios: a região do azul, que varia de 0,4 a 0,5 µm; a do verde, de 0,5 a 0,6 µm e, finalmente, a do vermelho, de 0,6 a 0,7 µm.

Quando olhamos uma árvore, por exemplo, a luz branca que vem do Sol, ao incidir sobre as folhas, tem a porção da região do azul e do vermelho sendo absorvida para que a planta transforme luz em biomassa. Isso é a fotossíntese. A radiação que as folhas não absorvem, ou seja, a radiação da região do verde, é refletida por elas e chega aos nossos olhos, que registram sua cor verde.

Pois bem, um sistema sensor a bordo de um satélite quando olha para essa vegetação, como ele tem bandas para captar a reflexão nas regiões do azul, do verde, do vermelho e até além disso, normalmente, vai gerar imagens para cada uma delas em níveis de cinza. As imagens geradas na região do azul e do vermelho vão apresentar a vegetação em tons de cinza escuro, pois ela está absorvendo a energia dessas faixas do espectro. Já a imagem gerada na região do verde vai aparecer num cinza mais claro, pois a radiação nessa faixa não é absorvida.

Isso é a faixa ou banda espectral. Num sistema como o Landsat TM5, há 6 bandas espectrais na faixa refletida cobrindo com três bandas as regiões da luz visível (azul, verde e vermelho), uma banda no infravermelho próximo e duas no infravermelho de ondas curtas. Todas em níveis de cinza.

Mas o sistema de cores que utilizamos nas composições coloridas é normalmente o RGB, que é composto por um filtro vermelho, um verde e um azul. E, se você coloca uma imagem em nível de cinza num filtro vermelho, as cores variarão de vermelho escuro para os alvos que pouco refletem até vermelho claro nos que refletem muito. Assim ocorre nos demais filtros. É mudar de gradações de cinza para gradações de vermelho, de verde ou de azul.

Se você pega a banda do vermelho e coloca no filtro vermelho; a do verde e coloca no filtro verde e a do azul no filtro azul, temos o que chamamos de cor real. É o que veríamos da cena se estivéssemos a bordo do satélite no momento que sistema sensor adquiri a cena. Todas as demais combinações são falsas cores. É tem muita possibilidade de se criar falsas cores, pois se pensarmos num sistema como o Landsat TM5 com 6 bandas e 3 canais de cores, isso representa 120 combinações diferentes.

Então, já tinha se deparado com esse tipo de erro muito comum em PDI?

 

Um grande abraço!

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