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Monitoramento da Degradação Ambiental com Imagens de Satélite: Uma Abordagem Abrangente Integrando Óptico e Radar
Prof. Gustavo Ferreira
Monitorar degradação ambiental é um desafio global que exige uma compreensão profunda e ação efetiva. O uso de imagens de satélite desempenha um papel crucial no monitoramento contínuo dessas mudanças. Vamos explorar como essas tecnologias podem ser integradas para fornecer uma visão abrangente da degradação ambiental.
Tendemos a ter um certo apego aos dados ópticos, por conta de sua maior disponibilidade ao longo dos anos em que o Sensoriamento Remoto foi se estabelecendo como ciência no mundo. Sua análise à primeira vista é mais palatável ao cérebro humano, por conter elementos de interpretação comuns do nosso cotidiano (formas, cores, texturas…), o que torna a compreensão da distribuição espacial dos fenômenos mais tranquila para os usuários.
Eles são fantásticos. A potencialidade contida nesses dados é absurda, vide a quantidade de técnicas já desenvolvidas para sua análise e as inúmeras aplicações implementadas. Entretanto, como todos os dados que utilizamos diariamente, o imageamento na faixa do espectro óptico-refletido possui limitações. Uma das mais marcantes é a presença de nuvens, que pode afetar diretamente a análise do dado. Quando estamos falando de domínio amazônico é comum encontrar cenas com alta nebulosidade durante meses.
Não se preocupe, nem tudo está perdido. Os sistemas-sensores comumente chamados de radar operam na faixa das microondas, que possui baixa sensibilidade à perturbações atmosféricas (presença de nuvens, por exemplo). Então, temos um ganho absurdo no monitoramento da degradação ambiental em ambientes com alta nebulosidade. Abaixo, trago um exemplo prático para um recorte espacial da terra indígena Yanomami. Temos duas cenas da mesma data, a primeira de um sistema-sensor óptico (Sentinel-2) e a segunda de radar (Sentinel-1).
Veja que conseguimos diferenciar com clareza todas as feições da área na imagem de radar, sem maiores problemas. Porém, nem tudo são flores, para chegarmos em uma imagem “limpa” como a do exemplo temos que executar uma série de processos. Para saber quais são os processos necessários é imprescindível o conhecimento dos fundamentos do imageamento por microondas, mas isso nós abordaremos no evento, timtim por timtim 😊.
Uma coisa é certa, em Sensoriamento Remoto NÃO existe dado melhor que o outro. Você deve entender qual é o melhor para a sua aplicação. O ideal é aprender sobre tudo que está disponível e extrair o melhor de cada um, inclusive a integração de diferentes tipos de dados é uma ótima estratégia para alcançar um resultado fenomenal. Mas, você só conseguirá ter essa perspectiva se dominar as bases do Sensoriamento Remoto, não esqueça!