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Degradação ambiental e a crise na Amazônia
Prof. Gustavo Baptista
Você deve estar acompanhando os noticiários e percebendo que mais uma vez a Amazônia está no centro das atenções. Dessa vez, ao invés de tratarem de desmatamento, queimadas ou garimpo ilegal nas áreas indígenas, a temática é a seca extrema que está atingindo diretamente na vida de quase meio milhão de pessoas.
Mas, antes de falarmos sobre essa temática, por que a Amazônia chama tanta a atenção? A Amazônia corresponde a 60% do território nacional, com uma área de 5,2 milhões km2; abriga 24 milhões de pessoas, com destaque para diversas etnias indígenas; representa a última grande reserva mineral, 15% de toda a água doce e a maior biodiversidade com 10% de toda diversidade do planeta; além disso, tem o maior rio do mundo.
Dentro das diversas análises que são feitas no ambiente amazônico, existem alguns conceitos importantes para esclarecermos. O primeiro é desmatamento. Desmatamento é definido como a conversão completa de florestas para outro tipo de cobertura da terra, geralmente pastagens na Amazônia Brasileira.
Existe outro conceito importante que é o de degradação florestal. Segundo um artigo publicado na Science em 2020 por um amigo, Prof. Eraldo Matricardi, degradação florestal ocorre dentro das florestas e é caracterizada pela perda de biomassa dentro de um dossel intacto. Além disso, essa degradação também é um resultado secundário do desmatamento, que produz efeitos de borda e fragmentos florestais isolados em florestas fragmentadas.
Esses distúrbios têm importantes consequências ambientais em larga escala, incluindo a liberação de gases de efeito estufa, alteração dos balanços hídricos e energéticos, perda de biodiversidade e aumento da incidência de doenças infecciosas.
Mas, também existem impactos mais amplos que geram as degradações ambientais, e que tem motores extremamente potentes, como as mudanças climáticas, ocorrência de seca extrema, como a experimentada atualmente, áreas queimadas, extração seletiva de madeira, efeito de borda de mata, garimpo e tantas outras ações que comprometem a qualidade ambiental dos biomas.
Essa seca experimentada pelo bioma amazônico é resultado do fenômeno El Niño extremo, que está se desenhando desde abril deste ano e que já apresenta uma anomalia de temperatura de superfície do mar, nas zonas de monitoramento, semelhante à do El Niño de 2015/2016, considerado o mais extremo de todos os tempos e responsável pela crise hídrica que vivemos no Brasil, com períodos de racionamento de água. Associado a esse El Niño extremo, este ano temos um aquecimento anormal do Oceano Atlântico em toda sua extensão sul-norte. E isso é resultado de mudanças climáticas intensificadas pelas atividades humanas.
Ou seja, os desafios para manter a floresta em pé são enormes e o monitoramento por Sensoriamento Remoto é um dos recursos mais eficientes para garantir a integridade da biodiversidade florestal numa região tão ampla e com tantas dificuldades de implementação de ações que garantam sua sustentabilidade.Para te habilitar no monitoramento de degradação ambiental na Amazônia por meio de dados de Sensoriamento Remoto, estamos realizando uma série de episódios no nosso podcast O Fascinante Mundo do Sensoriamento Remoto, disponível nas principais plataformas digitais de podcast.
Grande abraço!