O que você vai ler neste artigo

• Por que RADAR parece complicado
• O que a modernidade oferece a esse sistema sensor
• As aplicações e o mercado de trabalho para quem aprende RADAR

Você tem medo de RADAR e eu te entendo!

Faz todo sentido esse medo, pois tudo aquilo que a gente não conhece direito gera essa sensação.

Essa foi a sensação que tive nos anos 90 quando apareceu a primeira cena de RADAR em nosso laboratório. Era uma imagem JERS-1 da Amazônia e um colega estava estudando esses dados para fazer sua tese em Geologia. A imagem era tão confusa, com tanto ruido, com uma banda e apenas uma polarização e nem composição colorida a gente sabia como fazer. Parecia uma tv que tinha saído do ar e estava toda chiada. Dá uma olhada!

A brincadeira no laboratório com esses dados era tão grande, que dizíamos que você comprava uma imagem de RADAR e ganhava uma Landsat para conseguir interpretá-la. E essa era a única solução possível. Brincadeira, claro!

Mesmo como todas as dificuldades, nosso colega conseguiu integrar esses novos dados com dados ópticos e com geofísica e desenvolveu uma tese em mapeamento geológico.

Quando eu digo que entendo seu medo, digo porque sei que você nunca teve acesso a esses dados, pois isso não é ensinado na graduação em nosso país e, na pós-graduação, são raras as iniciativas de formação nessa área tão importante do Sensoriamento Remoto.

E, apesar de RADAR ser uma tecnologia de aquisição de dados antiga, sua popularização é muito recente. O Brasil é o primeiro país de dimensões continentais que teve todo o seu território imageado por RADAR, e isso nos anos 70, com o projeto RADAM Brasil. Mas os dados sempre foram caros e os softwares voltados para seu processamento, em sua grande maioria, eram pagos e também caros. Ou seja, trabalhar com RADAR era proibitivo.

Eu disse ERA!

Atualmente, temos disponíveis os dados do Sentinel-1 que é um RADAR de Abertura Sintética, ou um SAR (sua sigla em inglês), que imageia na banda C e que, desde abril de 2014, vem sendo disponibilizado e amplamente investigado. E temos uma série de outros sistemas sensores de micro-ondas ativos que serão colocados em órbita nos próximos meses e anos, que ampliarão em muito o acesso a dados de RADAR. Isso não tem volta.

E assim como a Agência Espacial Europeia inovou com a disponibilização gratuita de dados de RADAR com o Sentinel-1, ela também criou o melhor software para processamento desses dados e o colocou como um software livre e de código aberto, o SNAP, que é a sigla em inglês de Plataforma de Aplicações Sentinel.

E é por isso que o mercado de RADAR está tão aquecido. Você tem a faca e o queijo na mão! RADAR, por ser um sistema ativo, ou seja, do tipo que você manda a onda e capta o seu retorno, o controle é todo seu. Você pode obter imagens a qualquer momento do dia ou da noite, pois você não depende de fonte externa de radiação.

A penetrabilidade das ondas permite que você trabalhe quase sempre sem a interferência atmosférica. Na faixa da banda C do Sentinel-1, em casos raros de grandes chuvas, você pode ter alguma interferência. Mas, isso é bem raro.

Com isso você pode trabalhar em áreas com grandes coberturas de nuvem, como na Amazônia, que, em boa parte do ano, não tem como trabalhar com dados ópticos. Por isso o RADAR é uma alternativa viável para monitorar desmatamento, queimadas e diversas degradações ambientais, como as decorrentes do garimpo ilegal.

Além disso, há enormes benefícios para o setor agrícola, que tem no RADAR um grande aliado de monitoramento de cultivos. Não é à toa que a NASA o ano passado ofereceu um curso avançado de monitoramento agrícola por RADAR. Eu fiz e foi sensacional.

Na área urbana ele também é extremamente eficiente, mas essas aplicações a gente deixa para uma outra conversa.

Ter medo de RADAR é compreensível, mas não faz mais sentido!

Você tem que ter medo é dos seus concorrentes no mercado que estão correndo atrás para suprir as carências de formação, porque RADAR não precisa ser um problema pra você!

Estamos lançando em breve um curso, que vai te ensinar tudo sobre RADAR, desde o básico. Você vai se apropriar dessa ferramenta e dominá-la!

Espero que o texto seja um primeiro passo pra você se libertar desse medo, mas, se quiser vencê-lo, eu posso te ajudar.

Um grande abraço,

Prof. Gustavo Baptista